ABC2 - Makro Raupe - René Breuel


Por René Breuel
Tradução: Ana Elisa


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A Evolução explica tudo

A evolução explica você e eu? Nossos pensamentos, desejos e crenças? Porque apreciamos poesia e desprezamos injustiça?

Nas últimas décadas, muitos cientistas têm afirmado que sim, extrapolando grandemente, filosofias aplicadas fora do processo biológico da evolução das espécies.

“Evolução explica tudo” disse um professor no episódio satírico de “South Park”, e o biólogo Richard Dawkins chega perto de afirmar precisamente isso.

Eu suspeito que a maioria das pessoas têm um resíduo de sentimento que a evolução Darwinista não é grande o suficiente para explicar tudo sobre a vida. Tudo que eu posso dizer como biólogo, é que esse sentimento desaparece progressivamente a medida que você lê e estuda o que é conhecido sobre a vida e evolução… Nossas científicas explicações Darwinistas nos leva a uma série de passos graduais bem compreendidos para a totalidade espetacular da beleza e complexidade da vida”.

Curiosamente, no entanto, um número de vozes tem desafiado essa filosofia evolucionista. Muitos deles são ateístas, como Thomas Nagel, que rejeita o materialismo darwinista. Nagel afirma em seu último livro, “Mind and Cosmos” (Mente e Cosmo), “É mais um pressuposto governando o projeto cientifico, do que uma hipótese cientifica bem confirmada”.

O Materialismo e o Iluminismo

Materialismo é uma doutrina do iluminismo positivista, em outras palavras, uma lente para ver o mundo, todavia, um pressuposto não comprovado. Ele não pode ser provado ou demonstrado, somente aceito como foi dado. Teístas, como o filósofo Alvin Platinga afirma, em sua revisão do livro escrito por Nagel para “The New Republic” que “a probabilidade, com respeito a nossa evidencia atual, de que a vida de alguma forma veio a existir somente através do trabalho da física e química é infimamente baixa”. Mas para os defensores do materialismo Darwiniano, a incrível improbabilidade da vida e a complexidade intrínseca do processo de evolução não permite a possibilidade de um Criador, por definição, não importa o quão complexo seja.

A partir daí, vemos outros problemas. Outro pensador ateísta, o neurocientista Raymond Tallis, aponta o efeito desumanizador do reducionismo cientifico. No corajoso título do livro “Aping Mankind: Neuromania, Darwinitis, Misrepresentation of Humanity” (A Macaqueação do Género Humano: Neuromania, Darwinite e a Representação Distorcida da Humanidade), Tallis destaca que não há base cientifica atual para uma explicação evolucionista da consciência humana.

“Atualmente, não há nada no assunto, compreendido através das ciências naturais – Não, até mesmo nos mais ousados alcances da mecânica quântica – Que levaria alguém a esperar que matéria tome uma forma e se tornar consciente, autoconsciente e entendedora, que então poderia formular leis universais que envolvem sua própria existência”.

Pode parecer uma contenção insignificante – “Mas nós obviamente podemos ver que os humanos são seres autoconscientes”, alguns podem contestar, “deve haver uma ligação casual entre matéria e consciência”, mas Tallis e muitos outros evidenciam, tal explicação não pode ser dada pela filosofia evolucionista. Contradiria a si mesma: Se minha mente, e todo o resto, é explicado através da evolução, e então eu penso e acredito no que creio, não porque são pensamentos verdadeiros, mas porque o processo de seleção natural escolheu esses como os pensamentos mais prováveis a nos levar a sobrevivência, como pode minha crença na evolução ser correta? Se todo o funcionamento da minha mente é relativizado em prol da sobrevivência e distanciados de qualquer realidade absoluta da Verdade, porque minha crença na evolução reivindicaria ser verdadeira? Leon Wieseltier estende o argumento as suas conclusões naturais:

“Mas se a razão é um produto da seleção natural, então quanta confiança podemos ter um argumento racional para a seleção natural? O poder da razão é correspondente a independência da razão, e nada mais… A biologia evolucionária não pode invocar o poder da razão como constante ao mesmo tempo que o destrói”.

A “explicação de tudo”

A “explicação de tudo” da filosofia evolucionista, em seu esforço de responder a totalidade da vida através da base da evolução, se distancia da explicação da vida. Ele instrumentaliza a mente humana, enquanto todo o pensamento é entendido em seu potencial para a sobrevivência e procriação das espécies, relativiza nossa consciência, diminui nosso valor, e questiona o próprio processo racional que supostamente leva a crença na evolução, em primeiro lugar.

Charles Darwin previu os efeitos auto fracassados dessa via de pensamento: “A dúvida horrível sempre é levantada quando as convicções da mente humana, que foi desenvolvida da mente dos animais inferiores, são de nenhum valor, ou inconfiáveis de qualquer forma”. Ou, como Alvin Platinga conclui: “Portanto – em uma maravilhosa ironia – o naturalismo materialista deveria ser cético em relação a ciência, ou em qualquer nível sobre aquelas partes removidas do dia-a-dia cotidiano”.

Isso significa que deveríamos rejeitar totalmente a evolução? Não. Significa que devemos entende-la pelo que é: não uma filosofia “toda explicativa”, mas a observação cientifica que espécies tem evoluído através do tempo.

Nos leva a humildade intelectual, e, em outra rodada de ironia, a uma humildade que exalta a pessoa humana e sua capacidade racional. Nos leva a uma humildade que ajuda a racionalizar confiante e claramente, e até mesmo examinar uma evidencia do Criador que pode estar por detrás de tudo isso, ao invés de desacreditá-lo antes de uma investigação adequada.

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