Por Steph Bryant

Uma compreensão bíblica da nossa relação com a natureza pode ser a chave para uma conservação eficaz e com propósitos bem definidos? Steph Bryant, co-diretora da Faraday Youth and Schools, escreve sobre a relação entre os seres humanos e o planeta. Ela considera os danos que causamos, e se há algum lugar para a esperança enquanto exploramos maneiras de remediar a situação e de cuidar melhor do mundo ao nosso redor.

Desde que me lembro, sempre fui fascinada por animais. Este fascínio tem se tornado cada vez mais um amor pelo conhecimento científico, o que me ajuda a entender o mundo natural. Não foi surpresa para ninguém que me conhecia eu me encontrar estudando ciências naturais na Universidade de Cambridge, me especializando em zoologia e concentrando meus estudos do último ano em ecologia e ciência da conservação. Para mim, uma apreciação do mundo natural leva naturalmente a nos preocuparmos com a sua destruição e com a forma como poderemos remediar a situação. Mas como é que isso se encaixa em ser uma pessoa de fé? Como cristã, onde vejo propósito na ciência da conservação ou na ecologia? Onde vejo esperança numa disciplina muitas vezes marcada pelo desespero?

A ciência da conservação é, para mim, um ato de procurar obedecer aos mandamentos de Deus. Gênesis 1 diz

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que Deus criou o homem para “dominar sobre” a criação. Se, como diz o Salmo 24, “a Terra é do Senhor”, por que permitiríamos que nosso “domínio” fosse caracterizado por práticas irresponsáveis, destrutivas e exploratórias? Certamente, em vez disso, deveríamos tentar refletir o grande e maravilhoso amor de Deus por toda a criação através de um trabalho que fosse caracterizado por amor e responsabilidade.

Um domínio responsável seria um que beneficiasse o mundo natural. Mas é também uma forma eficaz de cuidar dos outros seres humanos: procurar “amar ao próximo” (Mateus 22: 34-40). Por mais que nos orgulhemos dos nossos avanços tecnológicos e da distância que colocamos entre nós e as nossas raízes de “homens das cavernas”, ainda dependemos quase inteiramente de ecossistemas saudáveis e funcionais para a nossa sobrevivência. Precisamos de zonas úmidas para proteger nossas cidades de tempestades e inundações; animais, ou seja, insetos, para agir como polinizadores ou controle de pragas para muitas de nossas culturas alimentares; florestas para proteger áreas contra erosão e deslizamentos de terra catastróficos; oceanos saudáveis para nos fornecer grande parte dos peixes que comemos… A lista é interminável. É particularmente importante reconhecermos isto se quisermos amar e ajudar não só o mundo à nossa volta, mas também as nações mais vulneráveis, em dificuldades e empobrecidas: pessoas que muitas vezes dependem diretamente destes chamados “serviços ecossistêmicos” para a sua subsistência.

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Um dos maiores obstáculos à conservação é delineado por Andrew Balmford, um professor de biologia da conservação na Universidade de Cambridge, em seu excelente livro Wild Hope. Ele afirma que a rápida urbanização recente da sociedade humana (mais de metade de nós passa o tempo vivendo e trabalhando em cidades, dentro de casa, online ou viajando de carro ou trem) está contribuindo para uma crescente desconexão entre os seres humanos e a criação. De onde vem a água da minha torneira? Em que zona de bacias hidrográficas vivo? Quais são as espécies de aves que tenho mais probabilidade de ver nesta época do ano? Em que fase está a lua? A maioria de nossas respostas a perguntas como estas indicariam que nós perdemos, de fato, uma grande parte de nossa consciência do mundo natural. Trata-se de um problema: como podemos ajudar de forma eficaz um mundo que não compreendemos atualmente?

Portanto, um propósito fundamental para os cientistas da conservação é estudar o mundo natural, “as obras do Senhor” e ajudar os outros a compreendê-las – crescer e encorajar os outros a crescer em conhecimento e compreensão e, portanto, em apreço e amor pela criação. No ano passado, passei 9 meses morando no Canadá. Eu estava trabalhando com A Rocha, uma organização cristã internacional que – inspirada pelo amor de Deus – se envolve em pesquisa científica, educação ambiental e projetos comunitários de conservação. É um prazer ver como projetos como este podem cultivar a compreensão e acender um desejo de cuidar do mundo de Deus, inspirando-nos a usar nosso poder, criatividade e intelecto para o bem de todos os que compartilham este planeta extraordinário e imponente.

Você pode saber mais sore as aventuras de Steph no Canadá acessando: thewanderingzoologist.


Texto Original: https://www.faraday.cam.ac.uk/churches/church-resources/posts/conservation-with-a-purpose/

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