feito de maneira especial

 

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Cada um de nós já foi um dia um espermatozoide e um óvulo. Essas duas células germinativas únicas, juntas e fundidas transformaram-se num ser humano vivo. Surgimos a partir do mesmo processo de desenvolvimento embrionário, que foi altamente complexo, ordenado, e, em certo sentido, previsível, mas que permitiu a variação suficiente para que nos tornássemos indivíduos reconhecidamente diferentes.

Uma das etapas mais importantes deste processo é quando cada seção do corpo, de uma ponta à outra,  assume a sua identidade. Neste contexto, a identidade significa que forma o corpo terá, e que membros ou órgãos internos irão crescer: pernas ou braços, pulmões ou pâncreas, e assim por diante. A fonte dessa identidade física é o DNA: as redes de genes que são ligados ou desligados em cada segmento do corpo, fazendo com que todas as proteínas que são necessárias para crescer e se desenvolver se desenvolvam da maneira correta. Os “genes mestres” que controlam todo o processo são chamados homeobox, ou hox genes.feto

 

O que acho mais bonito sobre o processo de padronização do corpo é a maneira com que traz as dimensões de tempo e espaço em conjunto de uma forma muito organizada. Os hox genes são organizados em diversos grupos nos cromossomos, na ordem em que eles são necessários durante o desenvolvimento e na ordem em que aparecem no corpo. À medida que o embrião se desenvolve, as células próximas à extremidade da cabeça ativam os primeiros clusters de hox genes. As células logo abaixo da cabeça, em seguida, ligam o segundo cluster de genes e assim por diante. Uma onda de ativação de genes desce abaixo no embrião, especificando cada secção do tronco, por sua vez.

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A organização de duas camadas de hox genes, genes mestres, é, até agora, completamente original na biologia. Nenhuma das outras famílias de genes que foram estudadas está disposta de tal maneira. É um exemplo extremo de como maravilhosamente instruções genéticas, sua ação coordenada e o efeito que elas têm sobre o corpo em desenvolvimento podem trabalhar todas juntas de uma forma muito sincronizada.

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Outro aspecto que acho notável é que todos os animais apresentam o hox gene em sua formação. Há níveis crescentes de complexidade no número e disposição desses genes, a partir de vermes e insetos até seres humanos. É interessante comparar o padrão de genes nos cromossomos, o seu código de DNA, e o efeito que estas diferenças têm durante o desenvolvimento. Este tipo de estudo é conhecido como “evolutivo” e “biologia do desenvolvimento” (“evo –devo)”, e é uma das fontes mais recentes e mais emocionantes de evidência da origem de todos os animais a partir de um ancestral comum.

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Quero terminar citando o biólogo de “biologia do desenvolvimento, de Wisconsin, Jeff Hardin. Ele muita vezes cita o Salmo 139 para expressar a maravilha de desenvolvimento embrionário. O escritor deste salmo não entendia como o desenvolvimento embrionário acontecia, mas ele sabia que era um processo maravilhoso: “Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza. Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de qualquer deles existir” Salmos 139:14-16 (NVI). Quanto mais os biólogos descobrem sobre como nos formamos, mais podemos dizer: “eu sou especial e admirável!”


Por Ruth M. Bancewicz do The Faraday Institute for Science and Religion. Estudou genética na Aberdeen University e obteve o seu PhD na mesma área pela Edinburgh University. Ruth concluiu o pós-doutorado no Wellcome Trust Centre for Cell Biology da Edinburgh University.


Publicação original aqui.

Tradução por Àquila Mazzinghy

 

 

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