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Dando continuidade ao assunto anterior, vamos discorrer sobre essa pergunta!

Uma maneira de apagar os conflitos entre ciência e fé cristã é vê-las como esforços inteiramente separados, com diferentes finalidades, métodos e corpos de conhecimento. Esta visão enfatiza que a ciência é um sistema de conhecimento sobre o mundo e seu comportamento, ao passo que a religião é sobre moralidade, Deus e vida após a morte. Assim, o cristianismo e a ciência não poderiam entrar em conflito, porque eles estariam lidando com diferentes tipos de perguntas.

Este modelo tem alguns pontos fracos (ver abaixo), mas ajuda-nos a compreender alguns aspectos importantes da relação. Muitos conflitos aparentes entre ciência e religião ocorrem por causa de uma falta de compreensão das diferenças fundamentais entre os dois. Quando alguém afirma que a Bíblia responde a uma pergunta científica, e outros reivindicam que a ciência responde a uma pergunta sobre Deus, o conflito alarga-se imediatamente. Muitos conflitos se tornam inflamados porque os participantes se esquecem de que o cristianismo e a ciência geralmente abordam questões muito diferentes.

Este modelo também nos lembra de que a ciência não é a única fonte de conhecimento. Há muitos tipos de questões que simplesmente não se enquadram no domínio da ciência. Tomando emprestado um exemplo do Rev. John Polkinghorne, há mais de uma resposta para a pergunta “Por que a água ferve no bule de chá?”. A resposta científica pode ser “a água está fervendo, porque a esta temperatura sofre uma transição de fase de líquido para vapor”. Outra resposta aceitável, embora não científica, é “a água está fervendo, porque eu coloquei a chaleira no fogão”. Uma terceira resposta poderia ser “a água está fervendo, porque o meu parceiro de oração está vindo para tomar chá comigo”. Nenhuma das respostas está errada; em vez disso, cada uma dá uma perspectiva diferente sobre a questão. A resposta científica não conta toda a história. A ciência não pode responder a perguntas como “O meu amigo é de confiança?” Ou “Este poema é bem escrito?”. A ciência é um tremendo sucesso na compreensão do mundo físico, mas não devemos deixar que isso nos tente a pensar que a ciência pode ser usada para entender tudo na vida.

A ciência não pode responder à pergunta “Deus existe?”. Algumas pessoas argumentam que a existência de Deus é realmente uma afirmação científica que poderia ser testada como uma reação química. Mas a ciência estuda o mundo natural, não o sobrenatural. Nenhuma quantidade de testes científicos ou teorização poderia provar ou refutar a existência de um criador sobrenatural. A afirmação de que “Deus existe” é metafísica, não uma afirmação sobre a natureza ou as leis físicas.

Este modelo também nos lembra de que a Bíblia não é a única fonte de conhecimento. A Bíblia é omissa sobre a maioria dos temas que preocupam os cientistas, como prótons, fotossíntese, pinguins, e Plutão. A Bíblia não é um livro de ciência, da mesma forma que não é um livro de encanamento, agricultura ou economia. Em vez disso, Deus nos ensina sobre essas coisas por meio da revelação geral na ordem criada.

No entanto, este modelo tem algumas fraquezas significativas. Ele isola a religião da ciência, que pode ser um primeiro passo para marginalizar a religião do discurso público. Ao definir a religião e a ciência como separadas, este modelo não nos ajuda a entender as interações que eles têm, quer negativas ou positivas. O modelo também define a ciência por si só para além da religião, enquanto os cristãos acreditam que nenhuma parte de nossas vidas está fora da nossa caminhada com Deus.

 

 

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